O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que 90% das empresas brasileiras são familiares, representando 65% do PIB brasileiro e empregando 75% dos trabalhadores brasileiros, não deixando dúvidas da importância deste tipo de empresa para a sociedade e a economia do país.
No entanto, outra importante estatística é alarmante quanto a perenidade do negócio familiar. A pesquisa de “Governança em Empresas Familiares: Evidências Brasileiras”, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) aponta que dessas empresas familiares, apenas 30% chegam à segunda geração, 13% à terceira geração da família e, somente 5%, conseguem chegar na quarta geração.
Diante desse cenário, vislumbramos o quão importante é a adoção de mecanismos que busquem estruturar e garantir a longevidade dos negócios. Uma ferramenta indispensável para alcançar isso é a Governança, tanto corporativa quanto familiar. Por meio de uma governança bem estruturada, é possível idealizar a longevidade e desenvolvimento das empresas familiares.
Essa idealização deve focar em três fatores do Negócio: Família, Propriedade e Empresa. Uma família empresária organizada e harmônica contribuirá para a clareza dos diferentes papéis destes círculos e influirá positivamente no sucesso do negócio. Para atender a essa tríade, existem ferramentas que podem ser aplicadas e ajudam a minimizar conflitos e ampliar a segurança na gestão e perpetuação da família e dos negócios.
Instrumentos bem conhecidos são o Conselho de Administração e o Conselho Consultivo, que apoiam as decisões trazendo um entendimento colegiado para a gestão operacional da empresa, tornando-a profissional e mais confiável aos olhos do mercado.
Além desses, também existe o Conselho de Família, que embora não seja muito utilizado, pode ser uma ferramenta promissora, pois através dele podem ser discutidos assuntos familiares e sobre as empresas do Grupo Familiar, alinhando as expectativas dos seus membros, definindo propósitos estratégicos para alcançar a união da família e a perpetuação do negócio.
As principais responsabilidades do Conselho de Família, inclusive apontadas pelas famílias participantes da pesquisa do IBGC, são:
Se a intenção dos patriarcas é que os negócios e bens perpetuem na família, deverá se utilizar das ferramentas de Governança o quanto antes, pois elas auxiliarão as gerações da família a dar continuidade ao negócio. O Conselho de Família pode iniciar com uma pequena estrutura e sem muita formalidade e conforme a família e os negócios se desenvolverem, a estrutura passa a se tornar mais robusta.
Esse Conselho terá um papel muito importante na gestão dos familiares e do patrimônio, pois será um meio de comunicação entre os membros da família, transmitindo transparência quanto a rendimentos, investimentos e gastos realizados pelas empresas familiares, gerando assim confiança e comprometimento na tomada de decisões, o que influenciará no desenvolvimento e resultado dos negócios.
Por meio de um bom planejamento e preparo, os familiares passarão a ter melhor visão do negócio familiar e responsabilidade sobre os resultados, os quais vão muito além da prosperidade e longevidade empresarial, mas que refletem na harmonia e equilíbrio familiar, unindo todos em prol de um objetivo maior, o legado da família.
Texto elaborado pela advogada Amanda Cristina de Rezendes, inscrita na OAB/SC sob o n.º 54.215, graduada em Direito pela Universidade Regional de Joinville – UNIVILLE e atuante na área de Direito Empresarial, Societário e Internacional na MMD & Advogados Associados